Módulo 7


METAFÍSICA PLATÔNICA E CRÍTICA À MITOLOGIA


  

Platão retratado pelo pintor italiano renascentista Rafael (1483-1520) no quadro A Escola de Atenas, pintado entre 1509 e 1510. A imagem de Platão apontando na direção do mundo metafísico tornou-se célebre a partir deste quadro.



1 - METAFÍSICA PLATÔNICA E DUALISMO PLATÔNICO

 

A especulação platônica era um retorno ao mundo da transcendência, representado, na mitologia, pelos deuses[1] e, agora, em Platão, pelo mundo que a inteligência era capaz de articular, fora do controle dos sentidos.

         É essa estrutura de pensamento que, hoje, se costuma chamar metafísica[2] *. Baseia-se ela na suposição de a razão intuir * um sistema * de saber de caráter absoluto. Em Platão aparece * pois, * a concepção metafísica da filosofia, embora o próprio Platão não tenha usado o termo metafísica, ainda não existente. *

         Platão vai * conceituar um dualismo em termos de ideia, que é realidade positiva, plenitude de ser; e algo que é como o polo negativo, a * matéria. *

         Esse dualismo espírito-matéria[3] circunscreve o horizonte dentro do qual se move a compreensão platônica da estrutura interna do ser humano[4].

 LARA, Tiago Adão. Caminhos da razão no Ocidente: a filosofia nas suas origens gregas. Petrópolis: Vozes, 1989. p. 103, 106 e 107.



[1] Para Platão, a transcendência dos deuses da mitologia grega era imperfeita, pois os deuses gregos eram concebidos de maneira excessivamente misturada ao mundo natural; Platão preconiza um outro tipo de transcendência divina, uma transcendência perfeita, plena, completa.

[2] Metafísica significa o estudo e a reflexão a respeito de uma realidade existente além da natureza, do mundo natural, isto é, uma investigação de uma realidade transcendente, sobrenatural.

[3] O divino, que Platão também chama de "mundo inteligível", engloba as ideias, as almas e o demiurgo (a dimensão divina que "modela" o mundo material), e diz respeito à realidade metafísica; para Platão, além deste outro mundo, há também este mundo em que nós habitamos, que se opõe ao metafísico: o mundo físico, material e natural, que Platão também chama de "mundo sensível", submetido à multiplicidade, à passagem do tempo e à imperfeição, e que é uma dimensão degradada da realidade.

[4] Isto é, este dualismo está presente simultaneamente na realidade externa ao ser humano (divino x natureza material) e na realidade interna do ser humano (alma divina x corpo material).

 

 


2 - CRÍTICA DA FILOSOFIA PLATÔNICA À MITOLOGIA GREGA

  
 
        Platão, que retoma e desenvolve uma crítica já encontrada em Xenófanes (outro filósofo grego anterior) *, censura os poetas por terem retratado os deuses como homens tanto no físico como no moral e, pior ainda, como homens que se comportam particularmente mal: guerreiam entre si, enganam uns aos outros, agridem a esposa e os filhos e, sobretudo, podem punir os seres humanos que os decepcionaram ou pelos quais temem ser superados numa ou noutra circunstância. Segundo Platão, os deuses devem, ao contrário, apresentar as duas características seguintes: 1) ser bons e ser responsáveis apenas pelo bem; 2) ser perfeitos. * Assim, essas duas características tornam os deuses parecidos com as realidades inteligíveis[1] * qualificadas de “divinas”. *

         Ao reivindicar que deus é bom *, Platão assesta um golpe mortal na religião tradicional. Denuncia a impiedade de todos os mitos que fazem da competição tanto entre habitantes divinos do Olimpo como entre os da Grécia e de Atenas em particular, o essencial das relações entre deuses e homens. A mitologia tradicional, que descreve os deuses em luta uns com os outros, deuses que atacam os homens de quem têm ciúmes e que, por isso, aparecem como a causa dos males humanos, fica então desacreditada. Mais do que isso, o fato de que não se possa fazer o comportamento de um deus mudar torna inútil a oferenda de sacrifícios ou a recitação de preces. Platão priva de qualquer eficácia os ritos religiosos. Esta crítica radical leva Platão a propor um novo tipo de representação religiosa. Um deus se caracteriza por sua bondade; a bondade deve ser assimilada ao saber e, num contexto platônico, o saber equivale em última análise à contemplação do inteligível. Aliás, é nesse ponto preciso que os deuses se distinguem radicalmente dos homens: o homem tende para o saber, ao passo que o deus possui o saber (ele é sophós, sábio). * É por isso que * a espécie mais elevada de alma * tem a faculdade de contemplar o inteligível, * se tornar semelhante à divindade e chegar assim à imortalidade.

 BRISSON, Luc e PRADEAU, Jean-François. Vocabulário de Platão. Verbete Deus. São Paulo: Martins Fontes, 2010. p.31 e 32.



[1] Para Platão, as realidades inteligíveis são as Ideias.

 





 





INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

 


 


 









Marcelo Crivella, ex-prefeito do Rio de Janeiro e bispo da Igreja Universal censurou em 2019 uma HQ de super-heróis da Marvel por causa de um "beijo gay" entre dois super-heróis, Wiccano e Hulkling (mostrados acima nos quadrinhos que motivaram a censura) da coleção Vingadores, cujo volume 66 ficou proibido de ser comercializado na cidade do Rio de Janeiro. Wiccano, que sempre teve problemas de aceitação social por sua homoafetividade, costuma usar seus poderes de liberar descargas elétricas no combate ao crime. Hulkling, por outro lado, quando adolescente usou seus poderes de "mudar de aparência" para participar dos grupos dos mais populares da escola, e agora usa os mesmos superpoderes para combater os bandidos. Ambos continuam ativos em sua luta pelo bem e pela justiça, enquanto Crivella está sendo investigado por crimes de corrupção... 😂




 


 

                                             Exorcismo na IURD: bizarria, ignorância e preconceitos.


       

                                             Intolerância religiosa parte 1

 

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Zeus e a mitologia grega - documentário neste link



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